quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Partidos

Ah..., foi-se o tempo em que existiam partidos políticos, com ideologia, programa, quadros, candidaturas a cada pleito ou coligações, mas tudo bem distinto, para sem a menor dificuldade o mais distraído eleitor não poder alegar que não notou aquele espaço ocupado por, exatamente, aquele partido, daquela tendência específica. Tudo era tão claro; hoje tudo tão obscuro... Que partidos, se só se consegue ver os "balaios de gato" que misturam pessoas em torno de interesses comuns, tantas vezes de licitude duvidosa, não-sabida, avessa ao público, dada a privilégios que o eleitor displicente jamais quis outorgar para ser vilipendiado, feito de otário, bocó! É, urge que isso mude radicalmente, para o nosso verdadeiro bem - um bem, de fato e de direito, comum.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Reality Show

Modismo? Pode ser, mas chamam mesmo a atenção os shows de exibição dessa coisa estranha que é a vida, sobretudo a alheia, a que se pode ter em casa, vendo sem ser visto..., mas sem poder cheirar, tocar, e o mais que se queira. Cada qual finge tudo o que lhe cabe, tantas vezes sem sucesso algum, mas ao menos se esforça; que seja pelo prêmio! Não obstante, segue a realidade sem dar tréguas ao devaneio, sem ter que perdoar ingênuos e obstinados, que se perdem no fátuo de arranjos e festas, de alegrias frias e amores sem tempero... Afastados da seriedade por contrato, tidos em verdade como fakes inúteis, as pessoas rendem-se e vendem-se à fantasia rouca do castigado roteiro de sucesso, em meio ao instável humor do denominado "público", que paga a conta!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Beleza (feiúra)

Tua beleza, descobri, esconde-se nos meus olhos, nos quais a repousar alegre, foge de ti mesma. Com meus olhos te vejo a partir de meu desejo, muito mais que meu querer, e o teu também. Eu me lanço sem destino no sentido do teu corpo nú e aí recolho teus sentidos junto ao desatino meu; faço-me e sou feito teu, por igual, e nada é igual num campo desses... Ah, flor tão abrupta, e ruptura natural das convenções, das normas infelizes que criaram e nelas consentimos na cegueira da ignorância preparada para nós! A queda lenta, flutuante, de tuas pétalas macias encanta, seduz; volto-me a ti e as acolho, recebo a dádiva e retribuo retesado e em movimento, colado a tua rusticidade doce e excitante, em brasa. Bela és, portanto, independentemente de imperfeições, feiúras, ais...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Aparentemente...

Tudo parece ser, parecer, para ser, mas não é! Que fazer se nossas fantasias são da melhor qualidade e nos satisfazem tantas, tantas vezes quanto queiramos, mais para sofrer do que para entusiasmar; mas que fazer? Afinal nos consumimos nelas e delas o quadro que pintamos nunca agride, posto que uma aparência. Aparecência. Falta de ciência e de silêncio. Em uma palavra: poeira. Poeira de vida (de morte, talvez)! Se soubéssemos e pudéssemos enfim tirar o efetivo proveito na núvem em que nos permitimos envolver a experiência adquirida no corpo sobre este mundo chegaria a nos surpreender. Mas cegos, surdos, mudos, atemorizados, delirantes, como quem a deriva, vagamos, passamos ao largo... Ainda que aparentemente, abro o coração e a boca!

domingo, 6 de janeiro de 2008

Somos assim

Nosso cabelo escasseia sobre rosto que não consegue disfarçar tanta preocupação, marcado e não marcante; nosso ventre descomunal encerra a multidão de afetos inconfessos, desditos, que armazenamos ao cometer o erro de trocar nossos amores por comida, o vazio possível pelo preenchimento cabal; nossos órgãos vacilam em suas funções, titubeiam em nos emprestar obediência à saúde, cansados de excessos e privações; coluna e joelhos estão emprestáveis a tudo o que ainda ri de nós e nos açoita com injusta ironia, logo o que gostaríamos e daríamos a vida para fazer e fazer de novo, e mais uma vez, até não agüentar, mas serenos de satisfação, e alegres em suave doçura alentadora...!