domingo, 30 de novembro de 2008

No oo ovo

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vêm
vêm amores / amores vão
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sábado, 29 de novembro de 2008

Fra g mento s

Nada. Não sobrara nem mesmo um mísero e solitário centavo, um só, individualista, egoista, um último. Nada mesmo! Que horror é a miséria, mesmo que temporária, e breve. Apesar de tudo, brotara a idéia de falar com o amigo que encontrara no dia anterior. Quem sabe... Ninguém, mas custar não custaria, e se custasse não poderia pagar. Em memória daqueles dias de opulência, um brinde de água da bica no copo de plástico, usado. Para comer, só pensamentos doces, imaginação, sob risco de sentir o aroma das comidas ricas, pratos elaborados. Hummmm!... Ah, sofrimento amargo, duro, cruel, doentiooooooo. Acordou! Estava sentado na cama, suando, trêmulo, o coração disparado. Zonzo, observou a moeda na mão fechada, de um centavo, um só. O último???

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Di á logo s


[No banheiro do conjugado]
- Certo, certo... Vira então.
- Tudo bem; vai!
- Hum... Hum... Hum... Argh!
- Ai, seu bruto! Devagar.
- Doeu tanto assim, bem?
- Claro! Cuidado, poxa... Vai.
- Acho que vai dar certo. Aguenta aí!
- Assim, assim, amor.
- Hã? O que?
- Mais um pouco. Tudo, viu?
- Ufa! Ahhh...
- Tirou o cravo todo, querido?

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Di a a a iD

Em Santa Catarina, e poderia ser qualquer outro lugar, como é comum, incrivelmente, nesses dias de tragédia, encontram-se os que perdem tudo, absolutamente, ficando apenas com eles mesmos a cuidar. Igualmente, acham-se os que subtraem, e saqueiam, violam, a exibir evasivos em sua desfaçatez ou agrura os despojos recolhidos. Onde a vida e seus valores? Somem mercadorias de primeira necessidade; sobem com estúpido abuso os preços de tais mercadorias; o desespero é total! As pessoas, as coisas, tudo, nada, o Real... Vê-se a bondade de muitos e verdandeiros anjos, de cruéis demônios a atuar aqui e acolá, de gélidos indiferentes. A água que encobre tudo dá vida à morte, a terra que sustenta a vida encerra a existência, sob o céu ora azul ora púmbleo... E só!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ex tra s

Tenho vivido meus sonhos
- não sei mais o que fazer -,
Tantos, crus, e medonhos,
Simplesmente os sonhos
Que sempre sonhei viver.
São curtos como os contos,
Porém me fazem tremer
Só de pensar nos tontos
Enredos daqueles contos
Que não consigo esquecer.
Eu recordo tantos sonhos
- venha o que bem vier -,
Muitos, ocos, enfadonhos,
Simulacro de bons sonhos
No dia em que os tiver...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Di a a a iD

Chove, e não pouco; chove demais, até saciar a goela larga da natureza desvirtuada, do tempo incerto, arredio, e sem controle, imprevisível. Com isso, a feiúra à vista se move em direção à tristeza de ver gente desamparada, a perder tudo, alguns até a experança, vítimas de segunda ou de terceira vez. Além de bens, vidas, com seus sonhos, vão água abaixo. Não há justificativas ou explicações, salvo falta de cuidado de administradores públicos na medida de que as suas ações poderiam minorar o efeito das intempéries. Faltaram avisos e faltarão recursos! É sempre assim, não é? Sim, é claro... Note-se que estamos em novembro; mês de chuvas por aqui é janeiro. Como será o início do ano? Espero, sinceramente, que nos demos melhor, com o tempo, a natureza, nós mesmos...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Po e sia s

inevitável enamorar-se
bastou um olhar
a um outro olhar
e neles nos falamos tanto
que ouvidos reclamaram
qualquer som mais
tão encantados
aqui ao lado
de alma e corpo
a aquecer enlouquecida
a fonte de intenções assim
e das carícias tais
na pele já então indefinível

domingo, 23 de novembro de 2008

Fra g mento s

Convencido, convencido, não estava, mas decidiu que, sim, se casaria. A vantagem era muita, ante tantos anos de finanças agonizantes. Bem no dia da cerimônia, havia saboreado um risoto extraordinário, feito pela vizinha, ex-namo-amiga, ou seja..., isso mesmo! O prato, delicioso, repetiu três vezes, gulosamente. Quanto a ela, nada feito; saiu-se com um beijo na testa. Mais tarde, já no meio de tanta gente, o embrulho soltou-se, a bomba explodiu, e a roupa não teve mais salvação (ela era alugada!); a noiva fugiu, desesperada, a apertar o nariz. A infelicidade, pensou, rigoroso, é fruto da ingratidão, dos atos pérfidos de gente interesseira. O problema é que se referia a ela, ex, e não a si próprio. Ficou conhecido, desde então, como “punzinho”... Até mudou de cidade, o coitado!!!

sábado, 22 de novembro de 2008

Di á logo s

- Fui lá ontem mesmo.
- E aí, o que achou?
- Espantoso...
- Tudo tão maravilhoso, né?
- Mais prá assustador; mas gostei!
- O que te pôs medo?
- A cores, os cheiros, o ambiente todo.
- E as pessoas?
- Também!
- Daí o resultado qual foi?
- A chama da vela...
- Como é que é?
- A chama firme da vela branca!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ra SS ismo

O racismo em todo mundo está em baixa, fora de moda, cada vez mais abjeto, e ridículo, algo para a vergonha e que mal não faria em desaparecer da face da Terra, não fosse ele interno a essa coisa que teimamos em chamar de ser humano... Não há como compreender o anacronismo de haver ainda quem discrimine seu semelhante a favor de uma idéia estapafúdia, de que um é melhor e mais que outro, tudo em pról da cor da pele, e de tantas outras coisas absolutamente irrisórias! Justo aí aparece o horror exposto: na miséria fétida dos detalhes bem pequenos e incapazes de por si vir a significar alguma coisa relevante. Nada mais estúpido! Que se pense bem nestes dias sobre o que afinal pesa e importa. Salve o "almirante negro": dignidade-mor contra chibata-humilhação!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Per ver só?

O que fazer com os perversos, aqueles que gozam em se fazer objeto de gozo para o Outro, que não costumam buscar análise, mais especificamente nesses midiáticos e alarmados dias, pleno de histerias mil, os assim denominados pedófilos, os que amam crianças, nesta sua versão-de-pai (uma das, lacanianamente), qual seja, a père-version? Refiro-me aos postos sob a custódia do Estado, aqueles que, submetidos a julgamento e condenados, são encarcerados, e aí sofrem além da pena corporal (ou penas, ao odioso arrepio da Lei), a desassistência mais absoluta - indesejáveis, temidos, figuras do ódio acirrado dos que se acham a si pessoas de bem em seus espelhos mágicos (pobres diabos!). Sem dúvida alguma, escutá-los! Não são eles apenas "per ver tidos", não é mesmo?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Di a a a iD

O Egrégio Supremo Tribunal Federal, e praza aos céus, ainda louva a Constituição Federal em um de seus aspectos de maior relevância: ele vem revogando odiosas prisões preventivas açodadamente decretadas, tendo por base o tal do "clamor público" ante este ou aquele crime praticado; são prisões decretadas por magistrados de grau inferior, tomados por idéias confinadoras, tais quais a de que é preciso prender sem antes julgar, sem a devida consideração a priori excludente da aparência do cometimento do crime e do perigo da liberdade na situação que lhes é trazida para a devida apreciação. Que é "clamor público"? Seria a histeria comum dos insuflados da mídia irresponsável e ignorante? Um medo avassalador..., de querer fazer o mesmo e de ser capaz disso? O quê, enfim???

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ex tra s

Faltou-lhe sempre tempo... Era como se essa “mercadoria” lhe escapasse dedos afora ao passar todas as vezes pelas mãos agora enrugadas. Não tivera tempo de ganhar dinheiro, de amar, de ter a família que almejara um dia, de divertir-se ao menos. Em todo tempo disponível que tivera, sonhara. Isso mesmo: sonhara! A carreira brilhante, os estudos contínuos, o exercício da profissão, ser procurado e admirado por muitos; a mulher divina e a um tempo demoníaca, que tanto o encantava sedutora ao esgotá-lo quanto lhe trazia o carinho doce e meigo, do sexo mais febril e do sono tão sereno; os filhos, os netos, uma construção viva, a extensão de si; perder-se afinal em tanto céu, tantos mares, nas trilhas das matas, na força indomável das cachoeiras - tudo sonho!!! Sonhara, como nós agora o fazemos, tão-somente sonhara, o que é muito bom... Mas deixara o melhor escoar, a realização ficara impossibilitada na ausência minutal do fazer; do tentar. Agora, para nada mesmo, com certeza absoluta, tinha todo o tempo do mundo, e também do outro, ao dispor, ao seu inteiro dispor. Sonharia, ainda, mas não mais, sob o efeito deletério e irascível do tempo, acordado.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Po e sia s

ah se eu tivesse meios
de na mata fresca densa
criar as trilhas
desbastar empecilhos
abrir as picadas
aplainar caminhos
que me levassem ao centro
núcleo ab-soluto
do seu meu coração
e à minha frente
vejo e os tenho
à mão não me contenho
seguir senão só adiante

domingo, 16 de novembro de 2008

No oo ovo

De-com-paix-ação:
P (simples letra do alfabeto)
PA (pá ou pã, ferramenta ou divindade)
PAI (do céu invocado sempre, da terra invocado por vezes, talvez bons, maus, presentes, ausentes, casados, solteiros, até mesmo homossexuais, mas uma função essencial a ser bem exercida)
PAIX (paz, no lindíssimo idioma de Racine; esperada sempre, nem sempre alcançada ou perene, mas sempre)
PAIXÃ (com efeito, absolutamente nada, até onde eu o saiba, e para qualquer um, ou mais uma adjetivação a inventar)
PAIXÃO (a própria agonia, em circuito tresloucado, a eletrizar todo mundo)

sábado, 15 de novembro de 2008

Ex tra s

“Meça o medo, meça!”
E pus-me a medir...,
Obediente, rente
À ordem demente
Eu me obriguei a ir.
Enorme, ledo medo
Que descubro rubro
Engano, desde cedo,
Da coragem-visagem
Sem pró nem porção.
Mas descubro mais,
Em meio a surtos, ais,
E, enfim, assim cedo
A um lúgubre receio
Que a falação encerra:
De mim partira ela;
Sem medo então sorri.
Pregara-me uma peça?
“Meça o medo, meça!”
E pus-me a medir...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Di á logo s

[Durante o café da manhã, naquele luxuoso duplex...]
- Mataria esses monstros com minhas próprias mãos! Eu os trucidaria, como fazem com suas vítimas inocentes...
- O que foi dessa vez? Mais uma criança morta, é certo. Na periferia, com certeza. Não vá comê-la em lugar do pão!
- Que insensibilidade a sua! Um médico frio, embrutecido.
- Ora, eu sou patologista; você sabe que eu vou por partes...
- Engraçado, é? Rirei depois, se me permite.
- E você, promotora? Denuncie-os ao invés de lhes tirar a vida sem justiça alguma!
- Fico indignada, e isso me corrói as entranhas; dói até lá, bem no fundo da minha alma...
- Alma? Quanto às entranhas, laudo em uma semana!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

888

Diz página dos Estados Unidos que espalhadas pelo país estão nada menos do que 888 grupos que pregam o ódio, sobretudo o racial. Que absurdo! Um telejornal ao fazer referência a uma delas, a famigerada KKK, afirma que iniciou-se a praga com uns protestantes inconformados em relação a negros a lutar por seus direitos civis. E no Brasil, quantos odientos somos? Porque não se diga que o racismo aqui passou ao largo; só se de um largo ao outro, fazendo adeptos pelo trajeto... É grande a vergonha de ainda sermos assim humanos e tão medonhos, tão despreparados para o viver, e para a com-vivência. Estamos muito mais aptos à com-moriência, visto que sem solidariedade e fraternidade espontâneas não há como sobre-viver. O número da besta não era 666? Parece...!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Auto a Judas

A ética não condiz com coisas tão comuns em nossos dias que são de arrepiar - algumas recentes, outras não. Os livros, por exemplo, no estilo do irmão de cima, de sempre dez para isso e para aquilo, são nauseantes, servem a tudo, e por isso a nada, a coisa nenhuma; iludem idiotas que se permitem pôr nas mãos inescrupulosas de quem suga dinheiro a cada página com receitinhas alienantes dados tais probleminhas, problemas ou problemões. Há filmes; e há mensagens na internet em PPS com melodias diabéticas, "correntes" com promessa e praga, os ajudadores de plantão pessoais intrometidos ou solicitados. Mas o que causa espécie é a terapia virtual, que não é isso, nem é terapêutica, mais parecendo a mãozinha do curioso e/ou do todo-poderoso, o assim achado, “psicoalquercoisa”...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Celular

Celulares, cada vez mais inflados de tecnologia, servem para tudo, tudo mesmo - fotos, clips, internet, televisão, rádio, gravações, calculadora, calendário, e sei lá mais o quê - eles até se prestam a telefones..., e falam! Aqui reside confortável o pior dos problemas, qual seja, o das pessoas entenderem e reclamarem disso que o seu celuluar pode (e deve) ser em dados momentos, maiores ou menores, desligado! O aparelho existe, o móvel, diz o nome, para que portável eu com toda comodidade fale de onde e à hora que se me dê, e não que, escravizado ao querer de quem quer que seja e queira, esteja pronto a atender a todas as chamadas e mensagens que me sejam dirigidas. Chega! Desligar o celular: uma obrigação do autônomo para não ser autômato. À disposição é o escambau!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Po e sia s

como é bom sentir-me livre
dos embaraços do teu ser
poder pensar e não em ti
sentir a brisa não arder
e flutuar no abandono
num embalar amanhecer
noite serena dia lindo
canções em pleno entardecer
guiando os atos tão a esmo
eu até custo e muito a crer
que estou bem assim liberto
do encargo duro de te ver
amor à vida / a-mor-te-...

domingo, 9 de novembro de 2008

Ex tra s

Meu Deus, que dia foi aquele? Jamais poderia imaginar que as coisas fossem acontecer daquela forma... Estávamos na Ilha do Mel, a meia hora de barca de Pontal do Paraná, estação ecológica e local aprazível para um turismo limitado, bem orientado; ficaríamos alguns dias, dias lindos e noites mágicas.No entanto, veio a idéia: que tal cruzarmos duma a outra parte da ilha, ou seja, de Nova Brasília a Encantadas, por terra? Pois é! Terra? Não bem assim – por morros pedregosos e com caminhos escabrosos.Foi o primeiro. Que horror! Pensava o tempo todo que cairia e... adeus! Desequilibrado e mal de coordenação motora, deixei evidente que sem ajuda (a vergonha se fora) não me moveria. O risco era sério! Desse, ao segundo. A mesma idéia de “vou morrer agora”. Estava um pouco mais conformado. Até que chegamos a uma praia estonteante, lindíssima; comemos um peixe inigualável!Mas a vencer lá estava o terceiro. Que tensão! Uma hora olhei para baixo e quase, fui seguro e me salvei... Continuamos. Ao chegar, xinguei tudo e todos com aqueles belos nomes que aprendera desde tenra infância.Como estava em êxtase, inventei (a maré havia baixado) de entrar na gruta. Local pitoresco, fui até o fim, toquei o encontro da rocha com a areia quase seca, e... e a água entrava, célere. Aguardei um pouco, até que ouvi que gritavam desesperados o meu nome.Não sei honestamente como, foi automático, instintivo: no retorno de uma onda pisei em pedra pontuda e sei lá mais em que, feito um alucinado a correr, e fui agarrado e puxado nervosamente para junto do grupo. Abraços, broncas, tudo misturado, e eu rindo... de nervoso, a jurar a mim mesmo que nunca mais faria aquilo. Voltamos, claro, numa canoa.Vocês não vão acreditar, eu sei, mas ela quase virou...!

sábado, 8 de novembro de 2008

Di a a a iD

Dito dia da cultura esta semana. Cultura... Isso conduz a umas coisas interessantes a se pensar sobre: a primeira delas é a identidade; a segunda, a diversidade; e então, a terceira, a relatividade. Questionar aqui é o principal, o essencial! O que nos identifica como brasileiros, grupo social, família em casa? Como tratamos do que é diferente e até mesmo se acha em oposição direta a nosso pensar, nossas escolhas? O quanto tudo isso nos subtrai a singularidade e nos suga à atroz vala comum, determinando-nos? Ah, cultura nacional! Quem dera... Quem dará? Englobalizados, encapsulados, enfastiados, buscamos o inefável e ele está na rua, na simplicidade, na vida, na comum relevância e sofisticação e refinamento tão nossos, como sempre deveriam ser, a marcar cada um per se.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

No oo ovo

iça
iça
iça
iça
iça
iça
me iça
Larissa me iça
de Larissa me iça
treliça de Larissa me iça
na treliça de Larissa me iça
melissa na treliça de Larissa me iça
A melissa na treliça de Larissa me iça

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Fra g mento s

Conseguira, e mais uma vez; fora difícil, suara feito um porco cevado (eles transpiram?), mas conseguira a tal proeza, a façanha, pela qual tanto batalhara, guerreara, como um audaz, um real intrépido; e fora altivo, loquaz, digno de nota – e que nota!... Há coisas que são assim mesmo, e não tem outro jeito não ou maneira diferente de ser, de acontecer, são assim e ponto final, acabada a discussão; é conformar-se, ir prá casa, tomar um banho, ler revista (digo, ver...) de mulher pelada, e tomar outro banho, encaramanchar-se à sedução de algum aparelho até o sono vir, tentar dormir o sono dos vagabundos, sempre abundante, e aguardar, ladino, o dia seguinte – mais um! Como todos reagiriam à indesejável notícia de que ele fora reprovado de novo? Oh, céus! Como???

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Original

Nada como se ser o mais original que se possa, ser distintivo de fato, viver intensamente seu desejo, sem acomodar-se em nada ao do Outro. Claro que isso é mais um ideal, um propósito a ser alcançado, e que jamais será algo absoluto que se logre realizar, como se ser objetivo; mas não custa tentar, não obcecadamente, senão com determinação, abraçando suas idéias com carinho, reconhecendo seu valor próprio. A tarefa é custosa, mas a criação em si, seu ato, é assim; ter-se espaço por igual, auferir satisfação também, olhar para trás e vislumbrar uma obra idem. O que não é custoso, que é tão fácil, fora sobretudo o mimetismo? Há, pois, que se almejar estar mais perto dessa originalidade, a de cada um, coisa à qual convida a psicanálise o sujeito... do inconsciente.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ex tra s

Amanhecera. Olhos ainda fixos pregados na face direcionados a único ponto permitiam entender aquele ar de cansaço profundo, de lentidão, a atestar a insone experiência, a extenuante condição da espera, da tibieza de quem se reservara para depois de tantas horas verificar se suficientes já as forças para realizar o comezinho abrir de uma carta, carta que chegara ao curso da tarde, como de costume lhe era entregue a correspondência pelo porteiro do edifício. Saído àquela hora do banho, permanecia desnudo, imóvel, a pensar confusamente sobre as chances do seu conteúdo. Estava quente o dia. Espremido de ansiedade, quedava manietado a vislumbrar o objeto recoberto por aquela camada tão rançosa de pensares turvos, mornos. Ouve então no apartamento vizinho som que chama sua atenção, de um noticiário local de televisão. Preocupa-se, pois algo tem que ser feito; daqui a pouco as pessoas vão chegar. O telefone fora desligado, mas sem dúvida alguém viria em seu encalço, seria procurado. O que teria acontecido com ele? Sorriu sem graça alguma e levantou-se. De pé, pôs-se a caminhar em direção à mesa. Tomou a carta em suas mãos, conferiu o endereçamento. Nada no envelope dava a menor notícia de quem lha remetera... Merda! Caminho sem volta; tudo estaria estampado ali, grafado com o ódio que temia consentir merecia receber do missivista. Mulher maldita! Que faria dele? Que faria ele de si. Fim de seu inferno: rasga o envelope num golpe só e, escancarado de coragem o peito, deita o olhar sequioso sobre a folha dobrada e sua face brilha e ele gargalha enlouquecido e bate-se contra a parede com aquele papel agarrado em suas mãos, trazido ao coração, à boca... Senta-se. Nada diz. Parece catatônico agora. A folha amarfanhada cai sobre a forração do assoalho. Em branco!!!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Po e sia s

seres humanos
desencantados
sem vez voz vida
ansiando por comida
restos despojos
pelos cantos alijados
olhos vidrados
mãos sem virtude
calor atitude
seres decantados
espíritos de luz
a luzir estritos
tão poucos anos

domingo, 2 de novembro de 2008

Di á logo s

- Consultório. Bom dia!
- Bom dia! Eu preciso marcar uma consulta, por favor.
- Pois não! Criança ou adulto?
- Jovem, 25 anos.
- Certo! Exatamente daqui a um mês, às 15h30.
- Antes impossível?
- Um encaixe ou desistência... Mas ficarei com seus dados para contato. Está bem assim?
- Claro. E o valor?
- Os honorários serão estipulados somente após a devida avaliação clínica por uma equipe.
- Ah, compreendo... Muito obrigada então!
- Não por isso. Disponha. Bom dia!

sábado, 1 de novembro de 2008

Di a a a iD

Babás ou acompanhantes, e quaisquer empregadas para isso, tomem o nome que for, pouco importa, continuam em posição que jamais poderiam ocupar; e batem, maltratam, torturam, tocam sem pudor, dó, fustigam, irritam, fazem adoecer ou piorar, podendo até matar, idosos, deficientes, enfermos, crianças, bebês. Mulheres de todas as idades a se vingar de si, de outros, nesses que lhes estão tão próximos, que assim são colocados como sacos de pancadas aptos a amortecer sua irresignação expiatória. Fruto da miséria, ignorância, de psiquismo a merecer escuta, despreparadas, conseguem emprego, num mundo no qual isso, um mero trabalho a fazer, por mais simples a tarefa, não é para qualquer um. Não mais! Satanizadas, são também vítimas...