sábado, 31 de maio de 2008

rrrrrrr...

Rui estava arriado: ruíra enfim seu castelo de cartas. Por um rigor exacerbado, reinara por muito tempo no ruidoso mundo corporativo. De repente a reunião fatal, e a ruína que se anunciara cumprida, retumbante. Também, pudera! Para que ser ele daquela forma? Homem ruim, verberador de ricos impropérios contra concorrentes e mesmo colaboradores. Mas, razões se havia poderiam ser relevadas? Não, é claro; os seus ríspidos inimigos agora ruminavam o horror perpretado contra ele, sobranos, rindo a rodo de sua particular desgraça. Dor, muita dor, e que dor irrascível! Não podia dormir, o pobre. Mal reclinava a cabeçorra no travesseiro, cheia de rabiscos de idéias rés que não paravam de se revezar e roucas vozes, rudimentares, a rimar aquelas entre si, o atormentavam...!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Fumaça

A gente fica sem saber se isso é bom ou se é ruim; parece ser uma coisa e outra e ao mesmo tempo! Não se sabe bem o que fazer, justamente por se querer fazer tudo, e logo, a um tempo, antecipando, pulando etapas, realizando de imediato um futuro possível e improvável, que a gente não enxerga. Aliás, a gente vive apenas a supor demais, e não enxerga mesmo nada; pensamos excessivamente, de dar nó, de dar dó! E cadê alguma realização? Resta jogada, fermentando, posta ao largo, chorada, rida, sofrida, ancorada no coração, feita um balão que a criancinha carrega em displicência, barbante amarrado no pulso, mas sem apertar. Fumaça que cega, a ser dissipada, sugada pelo exaustor do agir solto e eliminada no viver livre... Aí se vê o que foi, o que é, e será!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Escrever

Escrever tornou-se coisa bem mais que natural - algo preciso, indispensável -; e agora quase que diariamente. Prosa como crônica, fragmento de conto, e reflexão; poesia que busca ir à raiz dos amores; tudo honesto, sincero, ético - a parte verdadeira de mim! A temática passa por saberes sabidos, a saber melhor, e pelas sugestões dos amigos que me honram com atenção e tempo. Os comentários, de propósito sem resposta aqui, passam a integrar o texto, que deve evoluir. E o que espero desse exercício? Simplesmente expor. E se eu me exponho é por não conseguir, de modo algum, guardar essas palavras que escorregam pelo desejo e escapam para circular e dar a vez a outras tantas que brotam sem controle meu. Estou aqui: sem máscara, vivo, real, e assim vocês todos comigo...!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Quando

Tenho para mim que o melhor ainda virá. Logo. Por que não? Apesar de nossas vidas, e que vidas!, de tantos erros, fruto de uma teimosia dura, de obstinação e de ignorância, enormes problemas; a vida parece fazer coleção de problemas sob medida - a nossa, é evidente -, que nos atazanam a não mais poder. Mas será melhor! Sem utopia, sem ilusão, e sem mistério... Ainda que ganhe ou perca tudo, será melhor; ou que meus argumentos não vinguem, esforços sejam fracos, a palavra emudeça. Ora, apelarei aos gestos, e tentarei de novo, buscarei um outro lado..., deixarei a lógica para abraçar o que vem, o melhor! E quando será assim? Amanhã, é só esperar um pouco até amanhã! Esperar realizando já o que dará, quiçá, a via para que chegue o melhor. Acredito eu.

sábado, 24 de maio de 2008

A Roberto Freire, "in memoriam"

O que? Acha que temos intimidade? Fique certo: não permito que se aproximem de mim; exijo um mínimo de respeito! Você acha que manda, que pode provocar sensações, doer, deixar de obedecer, mover-se e pronto? Nem se acostume! Hein? Acostumado há tempos? Que imoral! A desfaçatez é tanta: suores extemporâneos, tremores inoportunos, rubores súbitos, e esse cheiro indefinível; as pessoas olham, sabia? Parecem sentir, eu não. Ora vêm, ora vão. Às vezes penso na razão de aturar o que me ignora e teima em não me deixar em paz. E esse seu furor, o enrijecimento, a eventual débil condição, a corrosão do tempo, tudo me intriga, entende? Mas, pensando bem, não quero que me deixe; se possível, nunca, confesso, enfim, meu ainda tão enigmático... CORPO!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Laços

Há certas coisas que não comportam outras tantas, e não se afinam nem se coadunam. Simples: os re-laços-momentos, isto é, todo e qualquer encontro a se dar entre os seres humanos, não cabem em formas, modelos, mas reclamam respeito à sua plasticidade natural, ou haverá cedo ou tarde sobras a serem reconhecidas. Eles igual não aceitam o determinismo das regras externas, gesso imobilizador que só frustra, decepciona, entristece, o que cedo ou tarde se percebe. E mais, são avessos à moral, posto que referentes a uma ética, e portanto indispostos a assujeitar-se à hipocrisia. É, a dois ou mais, sob qualquer disposição e circunstância, tempo, sentido, propósito, etc., não adianta querer dizer, mas impõe-se a escolha livre do ato de viver. Simples, não é?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Po e sia 3

o amigo e o amante
pérola e diamante
ele só se ressente
ele só se assanha
ele sopra tão longe
ele marca tão perto
ele é esquecido
ele vive aquecido
ele escuta doído
mas não o demonstra
o que o outro apronta
sem o menor pudor
sem nenhum amor

sábado, 17 de maio de 2008

Fikssão

Caído ali no tapete da sala, ele tinha o rosto no chão. Tudo o mais estava em ordem, e assim ficaria até chegarmos; só ele quebrava, com o corpo fora de lugar, o que tanto levara para organizar. Estava finalmente alegre, enfim despojado daquela sua tênue e perigosa melancolia, que nós, seus amigos, conheciamos há tempos - chegara-lhe uma carta, aquilo que já não se escreve mais.... O envelope e seu precioso conteúdo estavam dobrados e bem guardados no bolso da camisa passada no dia anterior, possivelmente. Entramos porque a porta estava entreaberta, e hoje é só ver muito assalto, sequestro, violência! Viramos o corpo. Sorria!!! Chegara sua hora, como se diz. Ele não deixara a vida, mas saíra dela correndo, às pressas, feliz! Não lemos a carta. E prá quê?...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Encontros e desencontros

Encontros e desencontros acontecem; sim, mas nunca são por mero acaso. E eles não importam, pois o que interessa mesmo são os sujeitos neles envolvidos. Estes sempre importam, assim como a posição que ocupam. As posições dizem bem dos encontros e dos desencontros, em maior ou menor escala. Portanto, tudo depende das pessoas em si e das suas disponibilidades, ou melhor, de seus quereres mais profundos, indizíveis, isto é, desejo e pulsões! É falar ou calar, mas o impossível é não atuar. Cada qual tem sua história, visões, acha-se em redes múltiplas, possui jeitos, de sorte que é um verdadeiro milagre o desencontro; o encontro então... Um e outro unem, a seu modo, claro, mas unem, mesmo sem unificar! Gente. Gente que não se sabe até se posicionar daí.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Vá, cilada!

Somos nós próprios artífices, exímios e caprichosos, dedicados trabalhadores que manuseiam a triste organização de nossos decepcionantes fracassos, estrondosos erros, e retumbantes desvios, para não atestar, não menos importante e bem mais comum, de nossos momentos dolorosos de tangenciamento e mesmo paralisia! Engessados na ortopedia dum vai-num-vai que se eterniza a cada vez que ocorre, caímos na cilada vil que preparamos, incluindo os pobres e infelizes convidados a isso. Mas somos, por igual, os únicos aptos, capacitados a evitar e escapar de tais ciladas corrosivas, destruidoras. A tanto, muito esforço para reconstruir, ajustar, e pôr em ordem o que às avessas se encontrava. Melhor, claro, evitar a todo custo um infortúnio semelhante e bradar inda a tempo: vá! Vá, cilada!...

terça-feira, 13 de maio de 2008

Mais adiante

Há coisas de que falar nos afeta tanto, e me afeta tanto..... Fazer aniversário sempre me diz, a cada ano, algo diferente. Por que às vezes sinto que vou me distanciando das pessoas e coisas? Não queria que fosse assim de modo algum! Algo vai marcando, pondo em evidência, deixando um rótulo. Mas busco reagir e superar o que percebo para ir mais adiante sempre, junto, perto, onde acho que devo estar, fazendo tudo o que quero e posso. Ah, meus amigos, não abro mão de resistir e de provar que não se tem que tolerar essa temporalidade imposta, irracional, hipócrita, e temerária, injusta, feita para reduzir o humano a algo produzido, a ser posto! Que infame traço o que se acumula nos ser jogado na cara de forma tão cruel e indigna. Outros virão, mais adiante!

domingo, 11 de maio de 2008

É a mãe!

Mãe. Dia das mães. Nasci num, só que 13... A importância da mãe é inquestionável! O que, então? Como diz uma pessoa muito linda e muito querida: "então..." (não é?). Então que há a questão da mãe querer ser boa demais, e da que nem está aí, interessada, da mãe pros outros, da que não quer ser mãe, da má-mãe até. Existe a mãe postiça, também dos árbitros de futebol e, é de crer-se, de muitos outros profissionais. Há a mãe santa, a mãe puta (cujo filho é o tal do filho da puta!), e nervosinhas, ternas, tão lindas, feinhas, gordas, magras, gostosas, baladeiras, pacatas, doentes e sãs. Todo mundo tem mãe, para o bem, para o mal! Toda menina é mãe potencial. E ademais há os homens mãe!!! A vida é mãe que acaricia e ralha; a morte, a que dá o derradeiro acalanto. É... é a mãe!

sábado, 10 de maio de 2008

"Historinha" (será lida?)

Um dia ele descobriu com espanto que, quando mais precisou deles, seus amigos haviam desaparecido como por encanto; as pessoas haviam evaporado! Ele não sabia se sonhava. Uma lágrima esclareceu tudo - era realidade o que percebia, o tal sumiço. Por que seria ele evitado? Sim, pois notou que alguns se esconderam dele. Não tinha noção; devia ser grave; ficou, além de profundamente triste, preocupado. Estaria doente? Virara fantasma? Não! Então o quê? Continuava a se sentir necessitado deles, decepcionado, no limite, num poço sem fundo... Seu lamento baixo produzia um eco surdo, um retorno vazio. A madrugada alta o embalou, mas generoso o sono antes tomá-lo, acalmando-o, lhe permitiu perdoá-los (os ama muito!), e escrever, disponível a eles, esta "historinha"...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Po e sia 2

há dias em que só consigo nada
na mais expectativa que nutro
vazia sem-tido infladas ânsias
daquelas que acabam em demências
dos loucos de amor duma dor vã
a desejar sem desejar sempre
sem parar sob os impulsos todos
que nos fazem parecer uns pobres tolos
rindo do quê com os olhos marejados
enquanto dia-a-dia não se cumpre
a permitir que a mente torne sã
o dito o encontro o articulado
que faz ser hoje agora o amanhã

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Para mais, para menos

Pergunta: que sabe a boca o beijo? Não vou responder aqui... Melhor buscar algo sobre na letra da deliciosa canção "O Sonho", do Egberto Gismonti. Aí erra-se menos, e errar é melhor que seja para menos mesmo; mas a gente não consegue, ou agarra o pior dos erros pela gola, bem firme: o medo do bem; medo do bem fazer, medo do bem querer, medo do bem doer se for preciso para haver cura, e mais tantos, tantos medos, em idênticos sentido e patamar. Eu também quero morar neste céu e embebido restar neste azul infinito, neste para mais. Então a dialética inevitável, como toda só, com o para menos. Também queria que fosse mais fácil, daria tudo para que o não ter que saber existisse, estivesse à mão, nossas, embora por mim apenas... Contudo, sem eco, talvez, a voz! E uma tênue linha a mais.

sábado, 3 de maio de 2008

Ocre

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Porque...

Perguntas e mais perguntas, sequiosas, prenhes de ansiedade, para cá e para lá, carregadas, disfarçadas, ocultas, presentes no silêncio, denunciadas por gestos, olhares, tosse, sustos; mas tantas perguntas, insistentes, persistentes, consistentes, inoportunas, indelicadas, fúteis, pertinentes, indiscretas, as que "entregam" mesmo, que iniciam relacionamentos, que dão em divórcio. Haja tanta curiosidade ou o que for, haja perguntas! O mais importante sobre elas, apesar de algumas ficarem aparentemente no ar, é a resposta. Não obstante, uma coisa e outra são a mesma, certo? Sim, posto que tal qual a resposta faz a pergunta, que surge após o ponto (.), a pergunta traz consigo a resposta, que só é pergunta porque separada da resposta ao final pela interrogação (?)... Certo?