sábado, 24 de maio de 2008

A Roberto Freire, "in memoriam"

O que? Acha que temos intimidade? Fique certo: não permito que se aproximem de mim; exijo um mínimo de respeito! Você acha que manda, que pode provocar sensações, doer, deixar de obedecer, mover-se e pronto? Nem se acostume! Hein? Acostumado há tempos? Que imoral! A desfaçatez é tanta: suores extemporâneos, tremores inoportunos, rubores súbitos, e esse cheiro indefinível; as pessoas olham, sabia? Parecem sentir, eu não. Ora vêm, ora vão. Às vezes penso na razão de aturar o que me ignora e teima em não me deixar em paz. E esse seu furor, o enrijecimento, a eventual débil condição, a corrosão do tempo, tudo me intriga, entende? Mas, pensando bem, não quero que me deixe; se possível, nunca, confesso, enfim, meu ainda tão enigmático... CORPO!

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