quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Beleza (feiúra)

Tua beleza, descobri, esconde-se nos meus olhos, nos quais a repousar alegre, foge de ti mesma. Com meus olhos te vejo a partir de meu desejo, muito mais que meu querer, e o teu também. Eu me lanço sem destino no sentido do teu corpo nú e aí recolho teus sentidos junto ao desatino meu; faço-me e sou feito teu, por igual, e nada é igual num campo desses... Ah, flor tão abrupta, e ruptura natural das convenções, das normas infelizes que criaram e nelas consentimos na cegueira da ignorância preparada para nós! A queda lenta, flutuante, de tuas pétalas macias encanta, seduz; volto-me a ti e as acolho, recebo a dádiva e retribuo retesado e em movimento, colado a tua rusticidade doce e excitante, em brasa. Bela és, portanto, independentemente de imperfeições, feiúras, ais...

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