segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Fra g men to s

Trancorria o carnaval e em casa, ao lado dela, mudos ambos, ele assistia televisão; ela já dormira e ele não reparara, pois os olhos estavam postos, literalmente grudados, na tela do aparelho, na qual uma alegria infernal, em plena madrugada, lhe parecia a visão celeste do que poderia bem ser o tal do repouso eterno, o beneplácito divino em sua mais etérea e sublime expressão, a santidade elevada aos páramos... E ele ali. Ela também. Que saudade de ser..., que falta de estar mais vivo, mais ativo, mais incomodado em lançar-se a solto na insegurança, mesmo nos riscos sempre presentes da ilusão - aquelas suas certezas inabaláveis o mumificavam ainda tão cedo. Enxugou a fugidia e estúpida lágrima, teimosa sobre a face, a lhe confidenciar também ter uma pena danada dele!...

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