sábado, 8 de outubro de 2011

Egoísmo

Ela se disse uma vez sua e, a partir daí, ele a queria única e exclusivamente para si, só para o seu prazer, a sua alegria, somente para a sua mais completa e infinita satisfação, de que ninguém, ninguém mesmo, jamais participaria, pois ela era sua, toda sua, apenas sua, desde os pés à cabeça, o corpo todo lindo, perfeito, como um desenho feito de uma vez - sem rascunho, sem rasuras -, numa agonia idólatra e corrosiva - tal qual toda agonia e toda idolatria -, e para sempre, do mesmo jeito, encantadora em sua paz, cândida em sua expressão, doce em seu gosto, cujo alento, ou desalento (quem sabe) o motivavam a lhe devotar cada segundo, cada fragmento de pensamento, cada chance de carinho, as chaves do enigma dos seus segredos mais bem escondidos, o azul e as estrelas de seu céu, a brisa de sua tarde... Por isso a matou, conservou, e escondeu. Mas, ó Deus!, onde??? Sofre de dar dó até hoje, cruel e amargamente! Memória...

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