terça-feira, 30 de novembro de 2010

Não podia...

Não podia ver o quanto sempre lhe esteve aberta a porta que o conduziria a ser o que esperara; por tantos e tantos longos anos a sensação que possuía era a de uma leve tristeza, qual (leve) a febre que mal chega aos 38 graus... Inamovível, por mais que consentisse em parecer um pião com alguma frequência, a ver à sua frente fervilharem pensamentos sem qualquer aparente sentido, cansava-se já de economizar instantes perdidos, e as palavras que engolira agora lhe pesavam no ventre dilatado, chegando outra vez a estipular o termo de tal situação - mas ainda o (re)começo, o novo, a pujança esgotavam-se ali mesmo, em casca fina. Como se pode viver assim: emoções largas e robustas num abortamento incessante? O simples risco da vida, jamais o tivesse mesmo sorvido. E podia? Haviam lhe garantido, na pequenez, em palavras-cicatriz, nunca ruminadas a contento, que... "não podia"!

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