sábado, 20 de novembro de 2010

O discurso

O cara brinca, dança, corre, fica parado, pula, anda e... ao falar é ali, no discurso, que dá rasteira em si próprio e vai ao solo, como o boxeador que assiste, atingido no fígado, olhos abertos, atônico, à contagem, até que ouça "dez, nocaute técnico". Falantes, não escapamos desse efeito ético da existência humana. Ético? Sim, e por que não? Ético e fatal ao nos despir ante quem se disponha a escutar, não apenas a ouvir - é um escape aqui, uma quebra acolá, um riso sem graça talvez, e revela-se o que não logramos perceber e que nos habita, a quem pagamos o aluguel... A saída possível? Bem dizermos, com justeza, sem palavras que se prestem a esconder e topando todo o equívoco possível. A psicanálise - e aqui se põem Freud e Lacan - nos convida a, e propicia, além dessa outra fala, um agir decidido, condizente, fiel a essa outra e estranha Ética, do desejo! Isso vale muito. Mas quem a tanto se dispõe?

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