segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Ex tra s

Cai lenta a me olhar esguia chuva triste...
Noite de escuridão,
Noite de cão!
O foco de luz é público, vadio, balança
E seus raios esmaecidos tropeçam em minha retina sensível.
Desatinos..., destinos..., defenestrações...
Como pude vir parar aqui, neste antro,
Neste mísero espaço, imundo e sufocante?
Quarto de hotel!...
Quinto, sétimo, nono; tudo, menos quarto.
Aliás, décimo andar. Péssimo! E eu só desço
Por esses caminhos-corredores lúgubres, funestos,
A espreitar minha lida de espirais, escalas, réguas, prumos...
De quê lado da janela estou?
Ou preso nela, na vidraça poeirenta, com desenhos tortuosos
De meus dedos engordurados.
Pó que já não me sai, sujeira em minha pele curtida.
Lavo, lavo e a lava gruda, formam-se mais e mais
Grumos, formas,
Formas-pensamento, idéias de pavor...
Ah, é você???
Você existe mesmo? Aí, à porta;
Diga logo se é você ou vá também
Feito as demais ilusões que produzi a esmo,
Que encarnei, trouxe às entranhas, só para despir depois
Banhado em choro e suor na cama em que me arrependo
Desta vida conspurcada,
Arredia, lancinante, doente, terminal.
Tão noir, e que não cai..., afinal.

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