domingo, 6 de julho de 2008

Fra g mento

Intuiu que logo amanheceria. Passara a noite em claro e sabia que as suas olheiras denunciariam aquela atormentadora e profunda solidão, a dos que esperam a infindável ausência do ser amado. Ela viajara e estava longe. Ele a aguardava para colocar seus planos, os deles, pensava ansioso, em prática. Ah, aquela emoção, o sentimento não dito ainda, incontido, a mal caber na boca, no coração, um explosivo aguardando o seu estopim... Aquietou-se e colocou o copo sobre a mesa da sala. Aliviara a secura da boca, boca seca e sequiosa de roubar-lhe o beijo, se necessário. Olhou o relógio na parede; estava certo, já amanhecia. Manhã fria, nublada, e mais um dia turbado por tantos pensamentos sem disposição a serem controlados. Do quarto, a voz rouca e dominical: __ Vem dormir, amor!...

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