domingo, 27 de julho de 2008

Fra g mento

Só pensava em doença, em morte; e dá-lhe a tomar drágeas, xaropes; menos injeções e supositórios! A vida simples era a sua cara e o resto do corpo também. A idade a pesar, como a aposentadoria irrisória, o gosto medíocre. Tudo isso não se ajustava a ela, a vizinha, nova, bonita, atraente... Ora, ele nem queria pensar nela, mas era inevitável! Como ela poderia ter interesse nele, vigiando os seus passos, tocando-o, suave e docemente, ao se cumprimentarem na rua. Aliás, ela sempre fazia menção de beijar-lhe a face. Mas e se por erro um canto da boca encontrasse outro canto? Achava-se no ocaso da vida - péssimo momento para o caso, o-caso que lhe passava pela cabeça. Ela não teria ninguém e nada melhor a fazer? Vela acesa, rezava, olhos fechados; e a imagem do santo sorria...

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