quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A caverna e a muralha 1

Apesar de a princípio algo semelhantes em sua funcionalidade, claro que nalguns poucos pontos específicos, era enorme a diferença existente entre a caverna e a muralha, chegando a verdadeira oposição. Na primeira, o ser humano encontrou o abrigo natural, mesmo aberta; na segunda, uma segurança artificial, ainda que fechada. Uma era uterina e nela cabia um universo inteiro; a outra era mera barreira exterior e o fio divisor ilusório da mesmíssima estupidez. Duma evoluiu-se à aldeia; a outra foi um dos frutos podres que a cidade legou a todos nós, os membros da urbanidade. Uma delas, única; a outra a se reproduzir. A caverna indestrutível, íntegra, coesa, e a muralha eternamente frágil, permeável, vazada. Numa, a vida a brotar solta e a arte; noutra, a morte pela imobilidade.

Nenhum comentário: