sábado, 23 de agosto de 2008

Fra g mento

Fora linda, culta, de boa família, de posses bem consideráveis; freqüentara tantas festas, nas quais reinara admirada, e até invejada, alegre..., ao menos, por fora, muito alegre, o que não correspondia, e isso já nos bons dias de sua juventude, à melancolia interior e àquela maldita solidão, que só fizeram acompanhá-la como uma tatuagem, fixada ali no corpo, e grudada na existência. Quantas chances desperdiçadas! Tantos foram os “nãos”, os adiamentos, e as incertezas, sempre ladeados por aquele sorriso que encantava, pelo brilho daqueles olhinhos tão vivos. A realidade da vida levara tudo em conta, como sempre faz. Ainda só – o marido falecido há anos e os filhos distantes – aguardava a auxiliar de enfermagem para mais uma injeção; não o sabia ela, mas seria, sim, a última...

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