domingo, 10 de agosto de 2008

Fra g mento

Coitada! Ele mudara-se para a casa da frente há dois anos; ela ali na vila a espiá-lo todos os dias, sempre à espera de falar, dizer qualquer coisa, dar-lhe um encontrão. Tudo preenchia e fazia transbordar seus quereres, pensamentos afoitos, ares de coração disparado. Mas o tempo é cruel e implacável! Nada dera certo. Dia após dia, semanas, meses a fio, os esforços teimavam inúteis, como a frágil vida de ânsias, abundantes emoções, sentimentos enrijecidos e amores sem exercício. O sentido perdera-se, porque, apavorada, viu um dia que ele estava a se mudar! Não suportou e decidiu mudar... de mundo. A tragédia selaria agonias, pensou. Silêncio quebrado pelo telefone a tocar. Seria ele??? Atendeu com o fiapo de força dos suicidas moribundos. Coitada mesmo! Era engano...

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