domingo, 29 de junho de 2008

Por que não ficção?

Aqueles olhos negros, vivos, radiantes, roçavam os dele, que, do todo, um pouco percebia. Embevecidos, atentos, com aquela agilidade, falavam bem mais alto que a boca de lábios tão róseos e perfeitos, que ele daria a vida para tocar com os dele, e beijar como se ali se fixasse a eternidade, num só momento de magia abraçada à realidade. Seus cabelos, suas mãos, sua pele, e o que não há como nomear senão de modo direto, sua alma, o aprisionavam na liberdade de lançar-se nos braços do que possuia a certeza de sentir como seu motivo de ser e querer para com ela repartir, dela recebendo o mesmo. Tanta coisa entre eles a construir e sendo de fato construído, passo a passo, um de cada vez, um de cada um; ele sem pensar tanto, ela mais cautelosa, e mesmo assim a se unirem.

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